Apesar dos homens não desenvolverem completamente as mamas, eles apresentam células de tecido mamário. Sendo assim, tal como as mulheres, eles também podem sofrer alterações nestas células levando ao desenvolvimento do câncer de mama.
O câncer de mama masculino é bastante raro, representando 0,2% do total de casos de câncer em homem e cerca de 1 em cada 100 casos de câncer de mama. Assim a estimativa para o último ano no Brasil foi de aproximadamente 600 casos em homens para 59.400 em mulheres. Porém, apesar da menor incidência, o câncer de mama masculino é associado a maior mortalidade pela doença. Uma explicação para tal seria a falta de informação e conscientização sobre a doença, levando a diagnósticos mais tardios.
Assim como na mulher, o câncer mamário masculino se apresenta na maioria das vezes com a presença de um nódulo palpável. Menos frequentemente com alterações na pele (retração, vermelhidão, edema ou ulceração), nódulo axilar ou secreção mamilar. O diagnóstico, da mesma maneira, é feito com associação de exames de imagem (mamografia ou ecografia mamária) e biópsia.
O tratamento também assemelha-se ao oferecido às mulheres, com associação de cirurgia, radioterapia, quimioterapia e terapia hormonal.
E quais os fatores que aumentam o risco para o câncer de mama masculino?
– Um deles é a idade. Quanto maior, mais risco de câncer.
– História familiar de câncer de mama, principalmente em associação a mutações hereditárias de risco. É mais frequente nos homens a presença de parentes em primeiro grau acometidos por câncer de mama, assim como mutações de risco (presentes entre 4 a 40% dos casos). A principal mutação encontrada é a do gene BRCA2, associada a tumores em idade mais jovem, mais agressivos e também a um aumento do risco do câncer de próstata.
Daí a importância da realização de teste genético em todos os homens afetados por câncer de mama.
– Exposição prévia a irradiação na região torácica para tratamento de outros tumores.
– Alterações hormonais, com aumento de estrogênio (hormônio sexual feminino) e diminuição de androgênio (hormônio sexual masculino), como por exemplo em casos de cirrose hepática e obesidade. Vale a pena ressaltar que a presença de ginecomastia (aumento da mama masculina) isoladamente não aumenta o risco de câncer, apesar de ter em alguns casos origem hormonal.
Concluindo, é importante a conscientização e informação a respeito do câncer de mama masculino, principalmente para aqueles homens que apresentam algum fator de risco. Porém, uma vez que são tumores raros e facilmente sentidos à palpação devido à escassez de tecido mamário no homem, não existe a indicação de exame de rastreamento mamográfico de rotina, como realizado nas mulheres. O importante é ter conhecimento da existência da doença e ficar atento ao surgimento de algum sinal de alerta (principalmente nódulo palpável). Fazendo diagnóstico precoce teremos um tratamento menos agressivo, com maior chance de cura e diminuição da mortalidade pelo câncer. No caso de alguma alteração nunca deixar de procurar o médico especialista (Mastologista).
Dr. Murilo do Valle Saboia – Mastologia (RQE 16.966) / Cirurgia Oncológica (RQE 5.761)