Prevenção e tratamento do câncer de mama e a pandemia de COVID-19

Neste período de pandemia, cercados de medo e incertezas, com o constante cuidado com as medidas preventivas quanto à Covid-19, acabamos não dando a atenção a outros cuidados necessários à nossa saúde. Afinal ter saúde não é só não ter coronavírus. Ter saúde é estar bem mental e fisicamente como um todo. Por isso não devemos deixar em segundo plano o tratamento de outras doenças e mesmo os exames preventivos.

Mas a realidade é que a pandemia acabou prejudicando o diagnóstico e tratamento de várias doenças, inclusive o câncer.

E os números impressionam. Estimativas feitas por duas entidades de especialidades médicas envolvidas no tratamento do câncer, a Sociedade Brasileira de Patologia e a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica, mostram que cerca de 50.000 brasileiros deixaram de ter um câncer diagnosticado desde o início da pandemia do Covid-19 no país. Outros tantos, já com diagnóstico de câncer, tiveram o início de seu tratamento suspenso ou atrasado. O motivo: por um lado o cancelamento pelos serviços de saúde de procedimentos não urgentes, como consultas, exames diagnósticos e cirurgias, por outro a recusa de pacientes em procurar os serviços de saúde por medo de pegar o coronavírus.

Também a Sociedade Brasileira de Mastologia alertou para o problema. Levantamento feito por centros especializados no diagnóstico e tratamento de câncer de mama de várias capitais, mostrou uma queda em média de 75% no atendimento às pacientes, tanto para exames preventivos quanto para tratamento, nos meses de março e abril, comparando com o mesmo período de 2019.  Segundo a Sociedade, a mesma situação ocorre também nos serviços privados.

Existe o receio que muitos destes tumores não diagnosticados e tratados agora, possam evoluir e se tornarem mais graves, prejudicando o tratamento futuro e diminuindo a chance de cura dos pacientes.

Especificamente quanto ao câncer de mama, estimando um período de isolamento social de 4 meses, talvez podendo chegar a 6 meses, a não realização das mamografias de rastreamento durante este período, implicará em atraso de diagnósticos e um possível aumento de casos de tumores em estágio avançado. É o que alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia, Dr. Vilmar Marques.